quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Paraquedas e paradigmas

Tablets caindo do céu

Imagem criada por RLocatelli a partir de uma foto original de hotblack
O site techtudo nos informa que uma ONG decidiu jogar tablets de paraquedas para crianças do "terceiro mundo".

Segundo a notícia, a "...OLPC (sigla da ONG “Um Laptop por Criança”) pretende enviar tablets para crianças de países em desenvolvimento e testar a capacidade delas interagirem com os dispositivos, sem professores, manuais, cursos, nada. A ideia é medir a capacidade de interação da criançada com os equipamentos e ver se elas conseguem não apenas aprender a usá-los sozinhas, mas ensinar aos demais.

Depois de caírem do céu em paraquedas, os tablets da OLPC serão absorvidos pelas comunidades remotas. Aí, um ano depois, membros da OLPC irão aos lugares estudar e analisar os efeitos da chegada dos tablets na educação das crianças."

Isso nos faz pensar: será que essas ONGs do "primeiro mundo", ou seja, dos países que estão afundando na crise econômica, ainda se acham os donos do mundo? E será que eles ainda acham que a capital do Brasil é Buenos Aires?

Claro que é louvável a preocupação com as crianças e sua evolução. Mas não parece algum tipo de experiência feita com as crianças, para ver no que dá?

Os países pobres já não são tão pobres assim. Por exemplo, certas regiões da África fizeram do celular o seu banco. As transações comerciais são feitas de forma eletrônica, transferindo-se créditos do celular do comprador para o celular do vendedor, dispensando a intervenção de bancos comerciais. Muito inteligente e muito revolucionário. Você acha que esses africanos precisam de tablets jogados de paraquedas? Eles provavelmente já os tem, made in China. Assim como já usam geradores solares de eletricidade e lâmpadas de LED, que são as lâmpadas mais avançadas em uso atualmente.

Outras perguntas: como garantir que os tablets caiam nas mãos das crianças, se eles serão simplesmente jogadas de paraquedas? Qual o idioma do sistema operacional dos tablets? O idioma da comunidade? Ou o inglês? A quantidade de tablets será suficiente para a comunidade sobre a qual eles serão jogados? Ou as crianças terão que lutar entre si para conseguir ter um?

Melhor fez a Índia que criou o Aakash, um tablet de U$ 35,00, acessível a boa parte da população do país.

Melhor fez o Brasil que desonerou os tablets e já se prepara para fabricá-los no país, inclusive o iPad.

Não são ONGs de países do "primeiro mundo" que melhorarão o mundo. A própria população dos países em desenvolvimento encontrará seus caminhos, sem precisar ser tutelada por ninguém.


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