À primeira vista, temos a impressão de
que a resposta é fácil: "Claro que o eBook é mais ecológico, pois não
utiliza papel". Mas não é bem assim. Vejamos como encarar a questão:
No passado, quando o hábito de ler livros se popularizou e cresceu - começo do século 20 - realmente houve uma enorme destruição de árvores para que elas se transformassem em polpa de celulose e depois em papel. Hoje já não é assim: as árvores usadas para a produção de papel são plantadas em enormes fazendas. São eucaliptos, em geral, de variedades genéticas próprias.
O fato dos eucaliptos serem cultivados faz toda a diferença pois, com isso, o livro está contribuindo para retirar carbono da atmosfera através do crescimento das árvores. Elas crescem limpando o ar. Depois são transformadas em livros, os quais guardam esse carbono em suas páginas. Livros raramente são destruídos. Poucos os jogam na lata de lixo. Então, esse carbono retirado da atmosfera e convertido em páginas de livro é um carbono que fica fora de circulação enquanto durar o livro. E essa duração é longa, por vezes muitas décadas. Ponto para o livro no placar da sustentabilidade.
Por outro lado, temos que reconhecer que, com o aumento da população e da escolaridade dessa população, o crescimento do número de leitores voltou a ocorrer, principalmente nos países chamados "emergentes. E o eBook veio, então, para salvar áreas de floresta que poderiam ser derrubadas para atender ao consumo desses novos leitores.
Naturalmente, a produção do livro em papel, assim como do tablet, tem um custo ambiental. São máquinas e matérias-primas mobilizadas em ambos os casos. Mas a verdade é que os tablets estão cada vez mais finos, cada vez eles utilizam menos material. Isso ocorre não porque os fabricantes tenham preocupação ambiental. Não tenhamos ilusões sobre isso. A redução do peso dos tablets é imperiosa para a agradar ao público e também devido à redução do preço.
Quando um fabricante consegue reduzir o peso de seu tablet em, digamos 90 g, os concorrentes lutam para promover uma redução ainda maior.
Em um tablet podem caber milhares de livros. Nesse sentido, ele é bem mais ecológico.
Este artigo não tem a pretensão de encerrar a questão. Para isso, precisaríamos de dados aprofundados sobre origem do plástico, metal e resinas que cada tablet possui em seus componentes. Precisaríamos de cálculos complexos. Digamos que, por hora, identificamos pontos positivos de sustentabilidade, tanto no tablet como no livro em papel.