segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Bibliotecas sucateadas

Todas as bibliotecas deveriam ser lugares agradáveis e aconchegantes
O eBook pode ajudar
a democratizar as bibliotecas

As bibliotecas públicas estão em decadência. Vazamentos, perda de livros, falta de conservação, etc.

Conheço um rapaz de 17 anos que, de tanto encontrar fechada a biblioteca de sua escola (estadual), acabou desistindo de pegar emprestado o livro Iracema, de José de Alencar. Acabou baixando da internet e imprimindo algumas páginas, já que ele (ainda) não tem tablet.

Já frequentei muito as bibliotecas municipais. Em décadas passadas, elas eram um lugar maravilhoso, com tesouros prontos para ser encontrados em cada corredor, em cada estante.

Certa vez encontrei, na Biblioteca Municipal do Bom Retiro, um livreto manuscrito (manuscrito!!) perdido em cima de uma prateleira mais alta: tratava-se do compêndio "Nosso amigo, o jumento", de um monge franciscano. Uma preciosidade.

O descaso do poder público está destruindo as bibliotecas. Até quando?

Enquanto as bibliotecas físicas não melhorarem seu acervo e seu atendimento ao público, as bibliotecas virtuais podem ser uma solução provisória para disponibilizar, aos leitores, uma infinidade de títulos em formato dgital.

A Biblioteca Nacional está organizando um enorme acervo virtual, conforme noticiamos aqui. Para além dessa iniciativa, há uma enormidade de livros digitais disponíveis gratuitamente na web, ou porque os direitos autorais expiraram, ou porque o autor decidiu disponibilizar sua obra na internet.

De qualquer forma, mesmo contando com os livros digitais, é preciso que exijamos do poder público (mormente das prefeituras) que o acervo de livros seja bem cuidado e que as bibliotecas funcionem adequadamente.

Se quisermos que a população mais pobre aumente seu índice de leitura, devemos lhes dar condições para tanto.


domingo, 30 de outubro de 2011

Os tablets servem para quê?

Estímulo à leitura é fundamental


Este blog já publicou matéria questionando o uso que os jovens dão aos tablets. Esses computadores de mesa servem para receber emails, navegar na internet, ouvir música, brincar com jogos eletrônicos, conversar online com os amigos, receber notícias... e também para ler livros. Mas ler livros é, para muitos jovens, a última coisa que eles pensam em fazer no tablet.

Não podemos culpar os tablets pelo fato de que poucos os usam para ler livros. Nossa Educação, aqui no Brasil, é copiada do modelos dos EUA. E a Educação nos EUA faliu, como eles próprios reconhecem. Lá, como aqui, a Educação da população não é prioridade. Para percebermos isso basta olhar para as escolas públicas de primeiro e segundo grau: vidros quebrados, prédios velhos, lugares feios e sujos para nossas crianças. Professores recebendo menos de R$ 1.000,00 por mês por 40 horas semanais. Como esperar que esses professores comprem livros ou façam cursos de especialização, com esses salários? Aguardamos o que têm a dizer, em sua defesa, os governadores de estado, que são os principais responsáveis pela educação das crianças menos abastadas e que, portanto, frequentam escolas públicas estaduais.

Por que um jovem da Europa ou do Oriente Médio lê mais, muito mais que um jovem dos EUA ou do Brasil? Até mesmo se compararmos com países da América Latina, o Brasil ainda lê muito pouco: cerca de 1,8 livros por habitante por ano. A Colômbia, por exemplo, tem índice de 2,4 livros por habitante por ano, mesmo sendo um país bem mais pobre que o Brasil. Acontece que, na Europa, mesmo hoje, com a crise, Educação pública de qualidade é prioridade de muitos governos. E a América Latina se espelha muito na Europa, exceto o Brasil, que se espelha nos EUA.

Para se ter uma ideia de como anda o índice cultural nos EUA, basta lembrar que, anos atrás, a rede de lanchonete MacDonalds colocava, no papel que forra a bandeja, pequenos textos abordando curiosidades, histórias engraçadas, etc. Quando a empresa resolveu não colocar mais esses textos, alguns pediram que eles fossem mantidos, argumentando o seguinte: esses pequenos textos representavam nada menos do que 10% de TUDO o que um cidadão médio dos EUA lia por ano!!!

Estamos melhorando: em 2004, o número de brasileiros sem acesso à leitura era de 14 milhões. Sem acesso porque viviam em lugares absolutamente pobres e sem recursos. Hoje esse número caiu para 7 milhões.

O Plano Nacional do Livro e Leitura, programa do governo federal em parceria com o setor privado, pretende elevar em 50% o índice anual de leitura, através da distribuição de livros a preço popular - R$ 10,00 por exemplar - e ampliação da oferta de bibliotecas públicas.

O tablet é apenas um veículo para o eBook, assim como o papel é para o livro. Se não estimularmos as crianças à leitura, elas continuarão lendo poucos livros em papel ou em formato digital.

O tablet serve para quê? Bem, se estimularmos cada vez mais a leitura, o tablet será uma ótima ajuda, pois os eBooks têm o preço bem acessível. E como já temos, no Brasil, tablets a partir de R$ 150,00, é uma ótima oportunidade de ampliar o índice de leitura de nosso país.

sábado, 29 de outubro de 2011

Tecnologia - previsões furadas



A História segue seu curso, em geral de maneira indiferente às previsões humanas.

Economistas previram, há 20 dias atrás, que o dólar não baixaria mais, que permaneceria com cotação próxima dos R$ 2,00. Pois bem, ontem o dólar fechou em R$ 1,68. Artigos de revista previram a morte do PC de mesa, já em 1999. Temos, por exemplo, esta bobagem escrita na Revista Veja daquele ano, afirmando que o PC estava com os dias contados. Pois estamos em 2011. Treze anos depois, o PC ainda é uma fundamental ferramenta de trabalho. Recentemente, mais esta matéria que decreta a morte do PC.

A impressão que se tem é que esses artigos são matérias pagas encomendadas pelas empresas de tecnologia para estimular os consumidores a comprarem as "novidades". Pode não ser. Podemos estar sendo tremendamente injustos. Mas que parece, parece.

Então, não jogue seu PC fora. Ele ainda será usado por muito, muito tempo. Quando sua máquina estiver desatualizada, provavelmente você comprará um outro PC. Mesmo tendo seu tablet, netbook, notebook, smartphone, etc, o computador de mesa continua útil. Existem coisas que somente um PC com grande capacidade de memória e processamento podem realizar. Por isso, os tablets não vão aposentar o PC, assim como o eBook não vai extinguir o livro em papel. Essas tecnologias e formatos podem coexistir por muitas décadas.

Aliás, o futuro das residências será o das casas inteligentes, nas quais o PC desempenha um papel fundamental, integrando-se ao dia-a-dia do ambiente. O PC pode vir a ser o cérebro das residências e prédios.

Dissemos que as previsões humanas falham. No entanto, os escritores de ficção científica são uma exceção. Eles conseguem prever as novas tecnologias. Quem já não viu uma reprise do velho seriado Jornada nas Estrelas, com o capitão Kirk e seus subordinados usando telefones celulares e tablets?

Enquanto Gene Rodenberry, o criador da série Jornada nas Estrelas, previu de maneira espantosa o uso de computadores, os técnicos da empresa RAND tentaram prever como seria um computador pessoal no ano de 2004. A foto abaixo mostra que eles erraram feio. Imaginaram que o PC ocuparia uma sala inteira!!
site dessa imagem: http://www.weirdnano.com/the-future-of-old-computers/
A tecnologia, como a Natureza, tem dois modos de evolução. Boa parte do tempo é uma evolução suave e gradual. Mas, de tempos em tempos, tanto a tecnologia, como a Natureza, dão saltos. Esses saltos é que são muito difíceis de se prever. Exceto, como dissemos, para os autores de ficção científica. Eles não estão presos às amarras mentais que aprisionam os cientistas e técnicos. Por isso voam mais alto. E lá do alto conseguem ver o horizonte distante.


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Software da semana - LibreOffice


A vantagem dos softwares livres é que eles são muito mais dinâmicos do que os similares oriundos das grandes corporações.

É o caso deste excelente pacote para escritórios. Como diz o site brasileiro do Libre Office:
O LibreOffice é uma suite de aplicações de escritório destinada tanto à utilização pessoal quanto profissional. Ela é compatível com as principais suítes de escritório do mercado. Oferece todas as funções esperadas de uma suite profissional: editor de textos, planilha, editor de apresentações editor de desenhos e banco de dados. E muito mais: exportação para PDF, editor de fórmulas científicas, extensões, etc...
O LibreOffice está disponível na maioria das plataformas computacionais:MS-Windows (Xp, Vista, Sete), Linux (32 et 64 bits, pacotes deb et rpm), MacOS-X (processadores Intel e PowerPC).
A Microsoft já tentou barrar o LibreOffice, na época chamado de OpenOffice. Isso prova que o LibreOffice é, realmente, um concorrente à altura, a ponto de incomodar a Microsoft. E, além disso, ele é totalmente compatível com arquivos do Microsoft Office. Ou seja, é possível abrir um documento do Word no LibreOffice, editá-lo, salvá-lo e, depois, abri-lo no Microsoft Word.

Percebendo que iria perder a batalha judicial, a Microsoft usou uma outra estratégia: a reciprocidade. Agora é possível abrir no Word um documento de texto em formato LibreOffice. O mesmo para apresentações, planilhas, etc. Então há uma total compatibilidade entre os dois pacotes. Se você tem o LibreOffice você abre perfeitamente arquivos do Microsoft Office. E quem tem o Microsoft Office abre sem problema algum os documentos no formato LibreOffice.

Vale a pena conhecer esse David que derrotou Golias. Muitas empresas públicas, em diversos países, usam essa suíte de escritórios, por ser gratuita e por ter qualidade. No Brasil, setores da Petrobras e do Banco do Brasil o usam, entre outros.

Para quem não gostou do Office 2007, com sua modernidade canhestra, o LibreOffice cai como uma luva. Enquanto no Word atual ficamos procurando desesperadamente onde estão os comandos, o LibreOffice tem uma interface extremamente amigável.

Tudo já com a nova ortografia portuguesa, atualização automática, comunidades para tirar dúvidas e compartilhar experiências.

Os softwares livres tendem a crescer. Eles dominarão o mercado em pouco tempo.


O autor e a editora - uma relação conflituosa?


Caso real.

Certa vez, uma psicóloga escreveu um excelente livro sobre educação infantil. Escreveu porque tinha, dentro de si, conhecimentos, descobertas, carinhos e intuições que ela sentia que precisava compartilhar com o mundo.

O livro demorou dois anos para ficar pronto. A autora conseguiu um capista, um ilustrador. Aquele livro era uma parte dela mesma, um filho, o primeiro livro.

Terminada essa fase, a psicóloga estava feliz. Então, começou a procurar editoras para publicar seu trabalho. E ficou revoltada.

A primeira grande editora que ela consultou - editora essa que não existe mais - respondeu que, para publicar o livro, ela, autora, teria que pagar o correspondente, em dinheiro de hoje, a R$ 7.000,00. Era uma espécie de "taxa de adesão", explicou o representante da empresa.

O livro, então, seria publicado, numa edição de 1000 exemplares. A editora pagaria ao autor 7% correspondente aos direitos autorais. Só que esse pagamento seria feito em livros. Assim, os direitos autorais se converteriam em 70 livros entregues em casa pela editora.

Ora, com esses valores, seria como se o autor tivesse comprado seu próprio livro, por R$ 100,00 cada um!! Além do mais, a empresa se tornaria detentora dos direitos sobre o livro, decidindo quando e se publicá-lo.

Trata-se de um contrato draconiano, no qual a editora pode tudo e o autor é um mero estorvo no caminho.

A psicóloga procurou outras editoras. Algumas não se interessaram. Outras ofereceram mais ou menos o mesmo que a primeira, ou seja, o autor paga, a editora ganha.

Essa psicóloga resolveu a questão de uma maneira revolucionária: abriu uma editora, encontrou uma empresa gráfica com qualidade e preços bons, e publicou seu livro. Abriu um site, coisa que na época ainda era um exotismo que as pequenas empresas não faziam. Mandou press releases para veículos de comunicação, deu entrevistas.

Hoje essa editora é procurada por muitos autores que estão na mesma condição que ela vivenciou. A diferença é que a proprietária é uma autora e, sendo assim, trata com civilidade um possível parceiro. Ao invés de um contrato draconiano, uma parceria produtiva e vantajosa para ambos.

Muitos autores passam pela via-crucis descrita acima. As grandes editoras, hoje, são empresas preocupadas com lucro. E quem pode culpá-las? De outra forma, talvez não sobrevivessem.

As pequenas editoras também querem lucrar. Mas elas ainda são dirigidas por livreiros, isto é, pessoas que são autores ou que, no mínimo, gostam de livros.

É isso que falta para as grandes. E é esse conflito que pode se resolver de maneira inesperada com o evento do eBook. Esse assunto continua no próximo artigo.


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Parcerias para publicar um livro

Imagem: Stuart Miles / FreeDigitalPhotos.net

Somos seres gregários. A espécie humana sempre progrediu utilizando uma ferramenta poderosa: a parceria. Não é diferente quando queremos publicar um livro: o autor tem a obra em seu computador, a gráfica tem as máquinas offset, a editora tem os profissionais capistas, diagramadores, revisores e administradores para que o livro seja publicado com qualidade, por preço viável.

Alguns autores de primeira viagem não percebem a importância de publicar seu trabalho em parceria com uma editora, pois o que a editora produz é mais intangível.

- Meu sobrinho está fazendo um curso e ele disse que faz a capa pra mim - diz o autor.

- A professora da minha filha se ofereceu para fazer a revisão. Ela faz um preço bem em conta - diz outro autor.

- Achei uma gráfica que imprimirá meu livro direto do Word, sem passar por essas frescuras de programas de editoração - diz um terceiro.

 Com todo respeito ao sobrinho do autor, aquele adolescente de 16 anos não conseguirá, em geral, criar uma capa profissional.

Aquela professora, mesmo com boa vontade, deixará escapar muitos erros, pois ela não está treinada para fazer revisão ortográfica e gramatical de livros.

Os programas de edição de texto como o Word não são apropriados para livros. Só para citar um exemplo do que pode acontecer, o mesmo arquivo do Word, quando aberto em dois computadores diferentes, apresentará aspecto diferente. Até o número de páginas pode não ser o mesmo!!

Ou seja, quando não se leva em conta a necessidade do conhecimento especializado de uma editora, o resultado pode frustrar o autor. Não é fácil colocar um livro para venda em livrarias. Mas sem um trabalho de qualidade profissional, fica ainda mais difícil.

Como vimos no artigo anterior a este, a uma série de tarefas e procedimentos para que um livro seja publicado com chances de chegar às mãos de um possível leitor. Desde a capa, passando pelo código de barras, diagramação profissional, etc.

Mesmo se um autor deseja publicar um trabalho de forma independente, a editora tem um importante papel de dar suporte profissional à obra do autor que é, para ele, tão querido como um filho.

No próximo artigo, vamos abordar o outro lado: as decepções que um autor sofre quando, cheio de esperança, procura uma editora para publicar sua obra.


terça-feira, 25 de outubro de 2011

Publicar um livro - o autor e as editoras

Imagem: photostock / FreeDigitalPhotos.net

No post anterior, demos algumas informações de como publicar o livro de maneira independente, sem a participação de uma editora. Como dissemos, pode ser uma boa opção se o autor tem onde vender sua obra (em papel ou em formato digital). Pode ser venda para seus alunos, para seus clientes, ou pelo seu site.

Porém, a (o) autora (autor) de livros é, às vezes, uma pessoa solitária. Não que não tenha amigos, mas são poucos. Nesse caso, quando se trata de uma obra ficcional, sem um público específico, fica impraticável publicar de forma independente. É preciso contar com a experiência de profissionais da área.

Mesmo no caso de obra direcionada, o autor só tem a ganhar se fizer parceria com uma editora. Ao invés de vender apenas para seus alunos ou clientes, o autor poderá vender também para o público em geral.

A editora cuidará de várias etapas da publicação do livro, que são:

- revisão ortográfica e gramatical - mesmo que o autor jure que o livro não tem erros, a editora os encontrará. Em média, as pessoas que escrevem bem cometem 10 erros por página.

- diagramação - para formato em papel e/ou digital. Uma boa diagramação é fundamental para que a leitura seja uma experiência agradável.

- arte da capa - é estratégica, pois a capa será, provavelmente, a única "propaganda" do livro.

- tratamento de imagens e criação de ilustrações, caso a obra necessite.

- registro na Biblioteca Nacional - só a partir daí o livro existe oficialmente.

- geração do código de barras - sem ele o livro estará interditado para venda em grandes redes.

- inscrição do livro em concursos literários e em editais públicos.

- venda do livro no site da editora, gerando direitos autorais para o autor.

Em geral, sempre que entramos numa empreitada em parceria com profissionais, temos sucesso. Para construir uma casa, chame um pedreiro. Para publicar um livro, chame uma editora.

Questiona-se esse papel quase exclusivo das editoras no caso dos eBooks. Realmente, empresas podem lançar eBooks sobre seus produtos, universidades lançam eBooks que serão usados por seus alunos. Porém, a editora é, por excelência, a empresa que, pelo menos em tese, está mais capacitada para atuar no mercado editorial. Se a obra é um livro ficcional, biográfico, filosófico, cabe a uma editora fazer com que ele se torne realidade.

Há também a possibilidade de o autor lançar sua obra de maneira independente mas, mesmo assim, recorrer aos serviços profissionais de uma editora. A proposta é, desta forma, desfrutar do melhor dos dois mundos: por um lado, uma publicação com qualidade profissional e, por outro, a liberdade do autor de comercializar essa publicação por si mesmo, auferindo, em tese, mais lucro.

O gargalo, tanto para as publicações em papel como no formato digital, está na distribuição. Não é fácil ser notado nesse mar de informação em que as pessoas navegam. E, para vender, é preciso ser notado. Para distribuir, é preciso ser notado pelas livrarias. E elas são fustigadas diuturnamente por representantes de pequenas, grandes e médias editoras. Só que as prateleiras (e os sites) têm espaço limitado. Os livros travam uma batalha subterrânea para chegar às estantes e poderem ser vistos pelos seres mais importantes do Universo dos livros: o leitor.

Sobre distribuição, falaremos mais em outros artigos.


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Quero publicar meu livro

Créditos da magem: dan / FreeDigitalPhotos.net
Muitos autores terminam seus livros e se sentem perdidos na hora de escolher uma editora ou, até mesmo, publicar de maneira independente seu trabalho.

A forma independente pode ser viável se, por exemplo, é um trabalho técnico de um professor que o distribuirá a seus alunos. Ou se o (a) autor(a) tem um site sobre o assunto específico tratado no livro e o comercializará através desse site.

Para comercializar o livro num site, o ideal é que se disponibilize um serviço de e-commerce, como o PayPal, por exemplo. Dessa forma, o pagamento poderá ser feito com cartão. A compra por cartão é feita por impulso. A compra que exige o pagamento de um boleto no banco acaba resultando em um enorme número de desistências, acima de 70%. Isso ocorre porque a pessoa perde aquele entusiasmo inicial no tempo entre a compra e o pagamento do boleto numa agência bancária.

Outros procedimentos importantes são registrar o livro na Biblioteca Nacional e obter o ISBN, o número identificador daquele livro. De preferência com o código de barras, para que o livro possa ser vendido em grandes livrarias. Além disso, o registro na Biblioteca Nacional previne os plágios. Um livro só existe, verdadeiramente, a partir do momento em que tem ISBN.

Outro fator importante para o sucesso de um livro é sua capa. Não tem que ser só uma capa de bom gosto. Ela tem que vender o livro, ser sua principal propaganda. Muitas capas premiadas em concursos são de livros que não venderam bem, mesmo sendo de obras com reconhecidas qualidades literárias. A capa "premiada", que agradou aos críticos, afugentou o público.

É preciso fazer uma revisão ortográfica e gramatical muito rigorosa. Mesmo assim, muitos erros acabarão passando. Mas que seja o mínimo possível, dentro de nossa falibilidade humana.

A diagramação é fundamental para que a leitura seja uma experiência agradável. A diagramação tem sutilezas que passam despercebidas, muitas vezes, ao autor, mas o leitor inevitavelmente sentirá o efeito dos erros e acertos da diagramação.

A outra opção, para o autor, é procurar uma editora, grande ou pequena. Falaremos sobre isso num próximo artigo.


domingo, 23 de outubro de 2011

Polêmica: A Amazon sequestrou o Android?


Esta matéria é baseada nesta aqui, em inglês: Amazon Kindle Fire Just Hijacked Android


A acusação que o articulista faz ao novo tablet da Amazon, o Kindle Fire, é que o dispositivo usa o Android mas esconde o quanto pode essa informação do usuário. Além disso, a Amazon alterou a aparência do sistema operacional para se adequar ao seu estilo, ao seu design.

A questão filosófica por trás é: se o Android é gratuito, então as empresas podem utilizá-lo à vontade e fazer qualquer coisa com ele? Não é bem assim. Esses casos polêmicos cada vez acontecerão mais, pois os softwares livres e os de domínio público cada vez irão iteragir mais com softwares proprietários e equipamentos específicos de determinadas empresas.

Recentemente, tivemos o caso do Blender, excelente programa de código livre (open source), gratuito, que estava sendo vendido com outro nome por espertalhões digitais.

A questão é: o Android é software livre? Não exatamente, pois há severas restrições impedindo usuários ou empresas de alterar seu código-fonte, ou seja, de alterar o programa. E essa liberdade de alterar é o que caracteriza o software livre. O Kindle é um equipamento específico da Amazon, e o sistema operacional foi direcionado para compras de eBooks e outros arquivos no site da Amazon. Uma empresa gigante como a Amazon não aceitaria usar o Android tal e qual ele é distribuído na Internet. Com certeza essas alterações foram decididas pelos técnicos, pelo departamento de marketing, pelos acionistas.

De qualquer forma, não deixa de ser significativo que a poderosa Amazon tenha sido obrigada a se curvar à tsunami avassaladora do Android. Até aqui, a empresa tinha seu sistema operacional próprio, assim como a Apple tem. São sistemas exclusivistas, ou seja, excludentes. Pouco se comunicam com o mundo "lá fora", onde o Android está no topo da escala evolutiva.

Se foi sequestro ou não, é discutível. Mas a Amazon se rendeu à realidade do mercado. Quem sabe a próxima seja a Apple...


sábado, 22 de outubro de 2011

Brasil avança no mundo digital

Eike Batista e o iPad


Saiu na mídia: Eike Batista quer fazer uma parceria com a taiwanesa Foxconn para a produção do iPad no Brasil. "O grupo EBX adora trazer modernidade e eficiência para o Brasil e esse projeto se encaixa perfeitamente nisso", disse o empresário.

Seis estados disputam a sede da nova fábrica da empresa.

Sempre é bom lembrar que será a primeira vez que o iPad será fabricado num país ocidental!!

Ainda haverá muitas negociações, e a parceria pode sair ou não. Mas, de qualquer forma, é muito estimulante ver um empresário de sucesso apostar na força da economia brasileira e, mais especificamente, nos tablets, que estão fazendo (mais) uma revolução no mundo digital.

Eike Batista também é um dos empresários que mais investem em energias renováveis em nosso país.


Brasil em terceiro lugar na compra de computadores

Créditos da imagem: Andy Newson / FreeDigitalPhotos.net


O Brasil continua sendo um dos países do mundo em que o número de computadores aumenta com maior velocidade.

Em 2010, as vendas de computadores cresceram 23,5%. Em poucos anos, passamos do sétimo lugar no ranking mundial para o terceiro posto, atrás apenas dos EUA e da China. Temos cerca de 85 milhões de computadores em uso.

Do total de máquinas vendidas, 48,5% foram de computadores de mesa e 51,5% notebooks. Destes, 69,5% foram comprados para uso doméstico, 25,8% para empresas e 4,7% para instituições do governo.

Com a redução de impostos para os tablets, e também com a fabricação nacional desse equipamento, prevê-se uma explosão da venda de tablets ainda maior do que a de computadores, devido ao preço reduzido.

As pequenas editoras agradecem, já que o tablet é a grande oportunidade para elas.

Amazon no Brasil?

A gigante de vendas começa a negociar com editoras brasileiras a conversão de seus livros para o formato digital. Aventa-se a possibilidade de que, até o início de 2012, a Amazon abrirá uma sede no Brasil.

Uma das explicações óbvias para esse repentino interesse da Amazon e de outras empresas multinacionais no Brasil é o fato de que os EUA e a Europa estão em forte crise, com desemprego e retração drástica do consumo. Numa crise, as famílias cortam o que é "supérfluo", desde a academia de ginástica até os tablets.

Enquanto isso, o Brasil bate recorde atrás de recorde em vendas de computadores.

Um outro dado importante é que o iPad será fabricado aqui. A Amazon é concorrente direto da Apple. Ela não poderia deixar sua rival fazer a festa sozinha em território brasileiro...


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Toda informação será digital?

Crédito da imagem: vichie81 / FreeDigitalPhotos.net
Note que a placa informativa, à direita da foto, é digital

No comércio, é cada vez maior o uso de informações digitais

Torno mecânico com visor digital

Nota-se uma mudança nos ônibus urbanos em quase todo o Brasil: o número do ônibus e seu destino agora são luminosos, com lâmpadas de led. O letreiro é controlado por um sistema computadorizado. Estão quase extintos aqueles letreiros antigos, que o motorista ou o cobrador tinham que mudar girando uma manivela.

Aliás, as manivelas em geral também estão quase extintas. Logo elas que foram tão importantes no final do século 19 até meados do século 20. Passamos para a era da informação, na qual até mesmo tornos, fresas e furadeiras têm uma tela digital.

A grande probabilidade é a de que, num futuro próximo, as informações sejam todas originárias de telas de computador. Isso foi previsto no filme Jornada nas Estrelas, série criada por Gene Rodenberry na década de 60, como podemos ver neste imagem:


Os registros da nave Interprise, seja o diário do capitão, o registro do oficial de ciências, Sr. Spock, ou os registro médicos do dr. McCoy, eram todos feitos em telas muito parecidas com um tablet.

Aliás, essa mesma série tinha os famosos comunicadores, muito semelhantes aos atuais celulares:


Os bebês de hoje utilizarão muito pouco o papel para se comunicar em sua vida adulta. Escolas e empresas utilizarão tablets. E, num futuro próximo, talvez formas ainda mais avançadas de comunicação digitalizada.

A "invasão" da comunicação digital está trazendo uma revolução, não só no mercado editorial de livros, mas também no mercado de revistas e jornais. Nos EUA, alguns importantes jornais já encerraram a publicação em papel e optarem pelo formato digital como opção.

A lei federal que classifica os tablets como computadores permitirá uma redução de preços de até 30%. Além disso, muitas empresas, como a Foxconn, já começam a produzir tablets no Brasil, o que também certamente contribuirá para a queda de preços.

Estamos num período de transição entre os veículos em papel e a comunicação digital. Essa transição certamente levará alguns anos. As empresas que se prepararem agora para esse novo paradigma, poderão tirar proveito dele em seus negócios.



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A última sessão de cinema

http://www.scottliddell.net

Quando surgiu o cinema, muitos previram que seria o fim do teatro, pois o cinema era mais emocionante e muito mais barato. Aliás, o cinema recebeu o título de "teatro do povo".

O teatro não acabou. Mas, temos que reconhecer que reduziu-se, hoje, a bolsões culturais. Foi um processo lento de redução de público. Entre outros motivos, o preço é um dos principais. Atores ao vivo, músicos, cenários, tudo isso custa caro. Os filmes diluem seus custos por diversos países. O teatro não...

Quando chegou a televisão (meados do século 20) muitos disseram que seria o fim do cinema. Também o cinema não acabou. Mas, da mesma forma que o exemplo anterior, gradualmene o número de salas têm se reduzido. Hoje, os cinemas se concentram em Shoppings Centers ou em salas mantidas por grandes redes, como o Cinemark. É uma extinção lenta e gradual.

Provavelmente essa redução do público dos cinemas se acelerará com a crise econômica nos EUA e na Europa. Por exemplo, o novo filme de James Bond foi cancelado. Faltou dinheiro para a produção. E, provavelmente, faltaria público para realizar os lucros.

Então o cinema está sendo atacado por dois lados: a crise econômica faz com que as pessoas optem por reduzir suas idas ao cinema, que é muito caro. Se a família de 3 pessoas vai assistir a um filme, os custos serão, aproximadamente, os seguintes:

R$ 16,00 x 2 (duas entradas inteiras) + R$ 8,00 (uma meia entrada) = R$ 40,00;
R$ 12,00 de estacionamento (ou de ônibus/metrô, caso a família vá de condução);
R$ 25,00 de pipoca, refrigerantes e chocolates;
                                                                                 
Total: R$ 77,00 por cerca de duas horas de filme.

É muito caro se compararmos a um filme assistido na TV a cabo, numa TV de 40 polegadas cuja prestação é... R$ 77,00!!

O que ocorre é que, ao fim e ao cabo, as novas formas de cultura praticamente extinguem as formas anteriores, que ficam reduzidas a bolsões específicos. Há ainda gente que ouve os antigos LPs. Mas, comercialmente, eles não existem mais. O cinema sempre terá fãs. Mas eles se reduzirão cada vez mais, e as salas de cinema serão um exotismo que não terá força como negócio. Haverá, sempre, pessoas que preferirão ler livros em papel. Mas elas serão uma pequena amostra da população.

Qual a velocidade com que o cinema desaparecerá? Qual a velocidade com que o livro em papel será substituído pela leitura em tablets? Isso, só o tempo dirá... Mas, desde já, as empresas que não querem ficar estacionadas nas décadas passadas, já apostam no eBook.


O tablet e a mochila das crianças


Imaginemos um futuro próximo, com os tablets sendo amplamente usados no ensino público e privado. A primeira coisa que nos vem à mente é que as crianças e jovens andarão com menos peso às costas. Já é um avanço e tanto. As colunas vertebrais das crianças agradecem.

Mas a coisa vai além; tiraremos também um peso das costas dos pais: o preço dos livros em papel. E isso pode fazer uma grande diferença no orçamento das famílias de classe C, a classe hoje majoritária no Brasil.
 
A Índia acaba de lançar um tablet popular, o Aakash, que custará U$ 35,00, sendo que os primeiros 100 mil serão distribuídos gratuitamente. Por que não fazermos o mesmo no Brasil? Seria mais econômico do que distribuir livros, mesmo sabendo que os livros são usados por alguns anos seguidos antes de serem descartados.

O Ministério da Educação é, de longe, o maior comprador de livros do país. São milhões e milhões de livros. Que tal se esse dinheiro pudesse ser gasto em construção de escolas? É verdade que o MEC já construiu 219 escolas técnicas federais nos últimos anos. Mas isso ainda é muito pouco.

Com a extração e refino do Pré-Sal, mais as indústrias automobilísticas que já estão de malas prontas para desembarcar aqui, mais as 26 fabricantes de tablets, mais as ferrovias em construção (ferrovia Norte-Sul, TransNordestina, FerroOeste), precisaremos de muitos profissionais especializados. Analistas preveem que, apenas de engenheiros, precisaremos de 150 mil deles até 2014.

Ou seja, foi-se o tempo em que engenheiro, no Brasil, se formava e prestava concurso para ser caixa de banco.


Mas, voltando à mochila das crianças, é preciso colocar tablets nela. Não só nas escolas particulares, até porque muitas delas já os utilizam. É preciso levar isso à grande massa de estudantes das escolas públicas de primeiro e segundo grau.

O primeiro empecilho para a universalização dos tablets é o despreparo dos profissionais de ensino. No caso do ensino público, eles nem mesmo ganham o suficiente para comprar bons computadores. O piso nacional para professores decidido pelo Governo Federal é de R$ 1.080,00 por 40 horas semanais. Pois não é que muitos governadores entraram na Justiça contra esse piso, dizendo que era muito alto e que não havia dinheiro em caixa para pagar esse valor?! Pois bem, a Justiça deu ganho de causa aos professores. A decisão foi de que eles tinham que receber esse piso. Mesmo assim, os governadores resistiram. Resultado: greves de professores em vários estados.

Por aí se vê que ainda está longe o dia em que os professores ensinarão seus aluninhos a usar um tablet. Os profissionais de ensino não têm, ainda, condições financeiras para conhecer o suficiente de informática e computadores para saber o que é um tablet, muito menos para desejá-lo.

Os capitães que afundam com o navio


Há alguns anos, a forma de editar livros mudou. Surgiu o computador, e com ele, os programas de texto. Não era mais necessário se guiar as etapas que, até então, norteavam essa atividade.

Só para relembrar alguns e informar outros: há 50 anos, usava-se os linotipos, ou tipos móveis. Depois, veio uma revolução, aproximadamente na década de 70/80. Naquela época, o autor escrevia um original, a mão ou na máquina de escrever. Depois, isso era transformado numa fotocomposição. Na sequência, em fotolito e, finalmente, ia para a impressão. Estamos nos referindo ao miolo do livro. A capa passava por mais estágios.

Então veio o computador. Todas as gráficas e editoras continuaram seguindo com sua rotina, pois o sistema operacional da maioria das máquinas era o DOS, que não tinha recursos suficientes para abalar aquele paradigma: originais -> fotocomposição -> fotolito -> impressão.

Poucos anos depois chegou o Windows (1) que, agora sim, tinha muito mais recursos para escrever textos e formatá-los, escolhendo fontes, disposição do texto, itálico, negrito, etc. Muitas gráficas e editoras se fingiram de mortos. E muitos profissionais também. Quando alguém tentava conversar com um profissional de fotocomposição para falar sobre o Word, e verificar se ele poderia fazer a digitação do livro em computador, a resposta era mais ou menos a seguinte:

- Ah, não sei de nada disso, não. Computador, Word, nem sei do que se trata. Eu faço é fotocomposição.

O resultado foi avassalador: muitas gráficas, pequenas, médias e grandes, fecharam. Os profissionais de fotocomposição simplesmente desapareceram no limbo. Foram subsituídos por profissionais de edição gráfica, os quais digitavam o livro num programa de texto a partir dos originais em papel e, depois, formatavam o texto no padrão livro.

O que impressiona é que profissionais e empresas que dominavam o mercado simplesmente continuaram seguindo adiante com a tecnologia antiga como se nada tivesse acontecido. Isso nos lembra a imagem de filmes antigos sobre aventuras (e desventuras) marítimas. O navio está afundando. Botes salvavidas são lançados. Um marinheiro diz ao capitão, que está em seu posto:

- Senhor, os barcos salvavidas já estão na água. Temos que ir!!

E o capitão, impávido, com o olhar fixo no nada, lhe responde:

- Pode ir, filho. Eu ficarei. O capitão afunda com o navio.

Isso ocorrerá muitas vezes ainda. Os novos paradigmas chegam e algumas pessoas ficam mentalmente acorrentadas ao paradigma antigo.

(1) Na verdade, o primeiro computador que fazia o que o Windows faz era o Macintosh, da Apple. Mas, ao contrário do Windows, ele não tinha a intenção de ser uma máquina para todos, mas sim para poucos. O Windows foi o sistema  operacional que já nasceu visando grandes mercados.


terça-feira, 18 de outubro de 2011

O formato digital e as revistas

Créditos da imagem: Ambro / FreeDigitalPhotos.net
Ao me ver na sala de espera de um consultório dentário, em ato reflexo, peguei uma revista da cestinha. Era uma dessas revistas de bordo, oferecidas em viagens aéreas. Logo me interessei por uma matéria sobre Linda McCartney, a precocemente desaparecida esposa do ex-Beatle Paul. Era sobre uma narrativa fotográfica que ela fizera da vida do casal.

A primeira página da reportagem pareceu interessante. Estava numa página ímpar, ou seja, à direita. Então virei a página para continuar a ler. Não havia mais nada! A "reportagem" era só aquela página: três fotos e dois parágrafos! Que decepção...

As revistas brasileiras, em sua maioria, seguem o modelo das revistas estadunidenses: muitas imagens, pouco texto. Pouquíssimas páginas. Os assuntos são tratados com a profundidade de uma poça d'água.

As revistas europeias são muito, muito diferentes. Se o artigo é, digamos, sobre cultivo de abóboras, os jornalistas vão entrevistar, no mínimo, cinco agricultores. Talvez também queiram ouvir o fabricante de insumos. Não satisfeitos, ouvirão os consumidores, os especialistas em gastronomia, algum nutricionista. Ou seja, eles querem realmente que o leitor adquira algum conhecimento.

Certa vez um amigo meu, músico, foi para a Espanha, para tentar a vida lá (isso foi na década passada, quando muita gente saía do Brasil para tentar a vida na Europa). Ele é um violonista clássico, toca peças difíceis, algumas compostas por ele mesmo. Apresentou-se numa sala de espetáculos de lá. Para sua surpresa, conseguiu uma página inteira no jornal da cidade. O artigo descrevia, pormenorizadamente, cada um dos números que ele apresentou. Enquanto isso, nos EUA, uma apresentação de Caetano Veloso merece um retângulo de 4x3 cm com três linhas e meia. O mesmo acontece por aqui, exceto quando se trata de eventos como o Rock in Rio...

A desculpa de muitos editores é a de que "é o que o público quer" ou "este é o nosso estilo" ou, ainda, "nosso espaço é limitado".

Só que o público está ficando mais exigente. A internet é usada, cada vez mais, para aprofundar todos os assuntos e notícias. Se as revistas não mudarem de atitude, serão dispensadas pelos consumidores. Para quê vou comprar uma revista que tem uma "reportagem" de três parágrafos se posso saber muito mais sobre o assunto na internet, em geral sem pagar nada a mais por isso do que minha conexão?

O formato eBook pode, muito bem ser usado para uma revista. Ou para um gibi. Ou para um livro. Desconfio que, com o tempo, a diferença entre essas três categorias se tornará tênue. Muitos jornalistas, alheios a isso, seguem como se nada houvesse ocorrido nos últimos 20 anos.


Os softwares proprietários


Na última semana, este especialista que ora escreve teve um problema com um de seus computadores, justamente o que abriga os principais softwares que ele utiliza.

Essa máquina foi consertada e, a seguir, veio o trabalho insano de  reinstalar dezenas e dezenas de softwares, entre programas de desenho vetorial, imagens, ambientação 3d, programas de texto.

Essa máquina tem praticamente só softwares abertos, isto é, programas gratuitos que abrem seu código-fonte, liberando os usuários até mesmo para aperfeiçoá-lo.

Entre os programas reinstalados estão vários navegadores, como o Mozilla Firefox, o SeaMonkey, o Google Chrome e outros. Por uma questão de seguraça, a Editora Sucesso evita o uso de navegadores proprietários (aqueles que são propriedade privada da empresa que os lançou no mercado). Esses navegadores, por não terem uma legião de voluntários tornando-os melhores, mais seguros e mais rápidos - legião essa que o Firefox e outros têm - podem, realmente, causar problemas na máquina.

Pois bem, instalado o Firefox, fazia-se necessário atualizar o Adobe Flash Player. Aí é que veio o problema. O site da Adobe, único autorizado a oferecer esse player, recusou-se a entregar o pacote. Depois de várias tentativas infrutíferas, o jeito foi utilizar o Google Chrome para assistir vídeos ou outras funções que, em geral, usam o formato Flash.

Mas como tudo na vida tem um lado bom, esse episódio serviu para reforçar o conceito de que softwares proprietários são inseguros, pois dependem de um único fornecedor, uma única empresa privada. E que os melhores formatos para um eBook são aqueles que não dependam de uma única empresa para serem gerados, comercializados e lidos. Por isso a Editora Sucesso optou pelo formato epub, um formato universal, que pode ser lido em praticamente todos os tablets, inclusive no Kindle, da Amazon, e no iPad, da Apple.

Os computadores de mesa (desktops) rodam, majoritariamente, o Windows. É o mesmo caso de se perguntar se isso é seguro... Felizmente, os tablets têm a plataforma livre Android, excetuando-se os da Apple e os da Amazon. No entanto, a Amazon lançou o Kindle Fire, que é um tablet com a plataforma Android. Restou, pois, a renitente Apple, com um sistema operacional à parte, que quase não se comunica com o mundo exterior... até quando?


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O eBook e a insegurança das editoras

Créditos da imagem: FreeDigitalPhotos.net

Uma das questões sobre o eBook é a pirataria.

Como garantir que um livro digital não será distribuído sem autorização? Isso já acontece com músicas e filmes. Os arquivos de eBooks são bem menores do que os de músicas, o que facilita seu trânsito, inclusive remetendo-o por email. Aliás, muitos autores de livros digitais entregam sua obra aos compradores por um simples email.

Uma das soluções, para as pequenas editoras, é o pacote da empresa Adobe (Adobe Content Server) que coloca uma criptografia no arquivo do eBook. Dessa forma, o eBook só poderá ser aberto no computador em que foi baixado. Aliás, em seis computadores. Digamos que um leitor compre um eBook protegido por esse sistema. Ele poderá baixar o arquivo em seu computador de mesa, em seu notebook e em seu tablet. E ainda lhe restarão três "créditos", ou seja, ele poderá baixar o livro ainda mais três vezes.

Esse sistema ainda permite até mesmo que o leitor empreste o livro a amigos. Ele fica disponível no computador dessa pessoa por um período.

O gasto com esse sistema é de cerca de R$ 10.000,00 inicialmente. Mas depois será preciso manutenção técnica, talvez até contratando um profissional especializado, o que demanda um custo mensal considerável, que inclui hospedagem de conteúdo.

Para uma editora não tão pequena assim, pode ser o caso de utilizar essa opção. Para as editoras realmente pequenas, o custo é excessivo. Para elas, uma opção é, talvez, a formação de cooperativas para poderem dividir esses custos.

Há também a alternativa de venda direta do eBook, sem proteção alguma, exceto a consciência dos leitores. Só há um problema: se essa alternativa for adotada por uma pequena editora, é um grande risco. Se os leitores decidirem que têm o direito de repassar a obra a terceiros, as pequenas editoras não têm musculatura suficiente para resistir. Elas precisam vender.

A vantagem do eBook é que ele exige bem menos custos do que o livro físico. Mas isso só é, realmente uma vantagem, se o eBook tiver saída. Se for pirateado, todo esforço da pequena editora vai por água abaixo.

As pequenas editoras que tomarem esse caminho precisarão estabelecer, com seus leitores, uma relação forte. Por exemplo, fazendo promoções: "a cada 5 eBooks comprados em nossa loja virtual, você ganha um a escolher".

Será preciso, também, uma campanha alertando os leitores que, caso a editora não venda, ela não produzirá mais. Isso funcionará bem, por exemplo, em livros escritos em série, como a famosa série Harry Potter. Espera-se que os leitores, movidos pelo desejo de saber como continua a trama, evitem piratear. Ou correm o risco de jamais saber como a estória termina..

A colocação de marca d'água individual nos livros também é uma opção para as pequenas. O leitor Fulano de Tal recebe um livro que tem seu nome em todas as páginas.

Mesmo com a proteção do DRM, é possível, sim, piratear. Mas é um pouco mais difícil, exige conhecimento técnico. Se o preço do eBook for baixo, desestimulará os leitores menos honestos a perderem tempo quebrando senhas. Portanto, insistimos, é preciso ser razoável ao determinar o preço de um eBook. Não vamos fazer como aquela empresa de tablets que, ao descobrir que a Amazon lançara um Kindle em cores por U$ 199,00, imediatamente cortou U$ 200,00 do preço de seu tablet, fazendo-o cair de U$ 499,00 para U$ 299,00. Ou seja, o preço anterior era claramente abusivo.

Uma outra opção para as editoras é associar-se às gigantes. Uma delas é a Amazon, que pode desembarcar no Brasil brevemente. Sobre isso falaremos em breve.


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Duas boas notícias

Aakash, o tablet indiano de U$ 35,00
Brasil pode ter fábrica de telas para tablets, diz ministro
O Brasil pode se tornar o primeiro país no Ocidente a produzir telas sensíveis ao toque para tablets, informou hoje (13/10) o ministro da Ciência e Tecnologia, Alozio Mercadante. Após reunião no Palácio do Planalto, o ministro afirmou que o presidente do Foxconn Technology Group, Terry Gou, reiterou em conversa com a presidenta Dilma Rousseff seus compromissos em trazer investimentos de grande porte para o Brasil.
A presidenta, por sua vez, exigiu que seja feita transferência irrestrita de tecnologia ao parceiro nacional.
“Apenas quatro países no mundo produzem telas para tablets e nenhum no Ocidente. É alta tecnologia que exige muito consumo de energia, logística e um aeroporto internacional próximo à fábrica. A escolha do local será técnica. Seis estados estão participando”, disse o ministro.
Segundo ele, duas fábricas serão instaladas pela Foxconn no Brasil. Contudo, a produção será feita com parceiros nacionais para que seja cumprida uma das exigências da presidenta Dilma: transferência irrestrita de tecnologia. O governo também vai desenvolver um programa de formação para atender a demanda de engenheiros.
A intenção do Brasil é ambiciosa: quebrar o paradigma atual, que é o de fabricar tablets no Oriente, pagando pouco, e vendê-los no Ocidente, cobrando muito. Aquele mesmo iPad que foi comprado no Brasil por R$ 1.000,00 foi fabricado na China por trabalhadores que ganham R$ 2,00 por hora.

A outra notícia:
A presidente Dilma Rousseff sancionou nesta terça-feira a lei originada da Medida Provisória 534, que inseriu no Programa de Inclusão Digital os tablets produzidos no País. A lei reduz a zero as alíquotas de PIS e Cofins incidentes sobre a venda desses equipamentos.
Com a redução dos dois tributos, a estimativa é de que o preço final dos tablets caia em 31%. O tablet é o sexto produto a receber a isenção fiscal do Programa de Inclusão Digital, que já favorecia os computadores de mesa, notebooks, teclados, mouses e modems.

De fato, essa medida é bastante justa, já que o tablet é, de fato, um computador. Merece, portanto, se beneficiar das leis que estimulam a fabricação de computadores no Brasil.

Alguém duvida de que esse será o Natal dos tablets?


Sobre os custos do eBook


Muito já se falou sobre os preços absurdos de certos eBooks na internet. As editoras, grandes e pequenas, ainda não entenderam que o eBook é outra coisa, diferente do livro em papel. Por isso cobram, muitas vezes, praticamente o mesmo valor pela obra em eBook ou em papel.

Para as pequenas editoras, o custo da impressão sempre é enorme, representando 70% dos custos totais. Para as grandes, que publicam tiragens maiores, essa porcentagem se reduz para 60%, ainda assim bem expressiva. Outros custos são a armazenagem e logística.

Ora, esses custos (impressão, armazenagem, logística) não existem para o eBook.

E há ainda uma importante questão: todos os custos do eBook são custos fixos, ou seja, são despesas feitas uma vez só: revisão ortográfica e gramatical, diagramação, arte da capa, registro da obra na Biblioteca Nacional, código ISBN.

É diferente com o livro em papel que tem o custo contínuo da impressão: nova tiragem, nova impressão.

E ainda assim algumas editoras insistem em manter o preço do eBook bem próximo do preço do livro.

O que essas editoras não percebem é que estamos numa corrida. Em se tratando de eBook, não há diferença se quem o publica é uma editora pequena ou grande, ou mesmo outra empresa que não seja do ramo editorial, já que eBook não é livro, nem jornal, nem revista, nem gibi: é um arquivo digital. Todos estamos disputando um lugar no mercado.

Por que não um eBook de 100 páginas por, digamos, R 6,00? É perfeitamente possível! Até lançamentos em papel já foram feitos por esse valor!!


O público que consome eBooks é um público experiente no mundo digital. Eles sabem que as empresas podem perfeitamente, vender um eBook por preço menor. E não perdoarão as editoras que insistirem em preços fora da realidade.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Criatividade no eBook

Ao assistir, pela TV ao cabo, ao Comic Con, um encontro de quadrinhos e cinema dos EUA, constata-se que o país vive um momento de baixa criatividade.

O encontro ocorreu no início deste ano. Havia muitos personagens coloridos, ETs, pessoas fantasiadas de personagens japoneses (anime), super-herois estadunidenses típicos (sempre brancos, e sempre com uniforma azul, vermelho e branco, as cores da bandeira dos EUA).

Segundo os apresentadores, a maior sensação do evento foi uma avant-première do filme "Cowboys e Aliens", mais um produto descartável da indústria cinematográfica de Hollywood.

Este blog-site é plenamente favorável a filmes e livros que sejam só diversão. Não se deve exigir que produtos culturais tenham uma "mensagem" para serem considerados de boa qualidade. Mas, por outro lado, filmes e livros que não acrescentem nada, que sejam só caça-níqueis, nos dão a impressão de que já vimos aquelas cenas antes, ou já lemos aquelas linhas antes, centenas de vezes. Dá-nos até preguiça de ler / assistir.

A sociedade estadunidense não está em uma boa fase econômica, e isso se reflete negativamente na Arte, na Literatura e no Cinema. Períodos de crise como o que a Europa e os EUA estão a viver podem ter dois efeitos: ou exacerbar a criatividade ou reduzi-la. No caso da indústria cultural, parece que o efeito foi de rebaixar o nível de inspiração criativa.

Paradoxalmente, o tablet é uma invenção surgida lá. Mas é bem possível que a América Latina, o Oriente Médio e os BRICs tenham, neste momento, mais potencial criativo para usar essa ferramente maravilhosa para difundir cultura. E, dentro desse universo promissor, as pequenas editoras são aos que mais têm agilidade para "adotar" novos escritores, pois têm uma relação mais próxima com os autores do que as grandes empresas.


terça-feira, 11 de outubro de 2011

Cuidados com os olhos


Relembramos aqui as dicas de proteção dos olhos quando lemos muito (em papel ou na tela) ou quando utilizamos muito o computador, seja ele computador de mesa, tablet, notebook, netbook ou smartphone. 

É preciso um período de descanso para os olhos a cada duas horas. Telas brilhantes demais ou escuras demais forçam os olhos. O ideal é um ponto intermediário, que varia de pessoa para pessoa. 

A melhor tela para leitura é a de e-ink (tinta digital), como a tela do Kindle clássico. É uma tela que não emite luz, e na qual há um forte contraste. Mas dificilmente ficaremos exclusivamente com esse tipo de tela, já que não é o padrão dos monitores atuais. 

A distância entre os olhos e a tela deve ser de, pelo menos, 70 cm. Isso permite um conforto visual, evitando que os músculos dos globos oculares sejam forçados. 

O ideal é consultar regularmente um oftalmologista para que ele personalize nossos óculos e nossos monitores.

Fórum - o PC morreu?



O PC morreu! Vida longa aos tablets. Essa foi a manchete de uma grande revista nacional em uma edição de novembro de 2010. 

Já vimos essa estória antes. Quando do surgimento do cinema, diziam que seria o fim do teatro. Quando do surgimento da TV, que isso resultaria na extinção do cinema. Da mesma forma quando a recém-nascida televisão supostamente eliminaria o rádio. Etc, etc, etc. 

Ironicamente, esses profetas da falecimento de tecnologias não previram diversos casos de morte. Não houve manchetes dizendo: a máquina de escrever morreu! Vida longa ao PC. Ou então: a máquina fotográfica com filme morreu! Vida longa à fotografia digital. 

A revista que publicou a manchete mecnionada até dava o exemplo de uma empresa na qual os representantes comerciais haviam recebido, no lugar dos antigos PCs, iPads. 

Naturalmente, a manchete é irreal. Os tablets conseguem fazer muita coisa. Mas são incapazes de realizar inúmeras tarefas também. Os sistemas operacionais dos PCs e notebooks têm como abrigar softwares que não há como rodar em tablets. 

Como os tablets e netbooks custam bem menos do que o PC, uma grande parte da população do Brasil e do mundo acabam tentando usar esses equipamentos no lugar dos PCs e notebooks. E, de fato, é possível conseguir uma razoável inclusão digital com isso. Ler e-mails, consultar notícia, escrever textos, ler livros, revistas e jornais. Ouvir música. Assistir filmes. Tudo isso é possível com tablets e netbooks. 

Mas há coisas que eles não fazem. Uma planilha de cálculos mais pesada (digamos, 50 mb), muito comuns no mundo corporativo, exigem sistema operacional Linux, Wndows ou OS. Programas de computação gráfica, como os usados em filmes, exigem não só um PC, mas vários deles ligados em série para reduzir o tempo de processamento. 

Aliás, processamento de programas da área de computação gráfica exigem um PC com memória temporária de 16 gb ou mais. Isso ainda está muito além do que um tablet pode fazer. 

Então, temos que ter um certo cuidado de não aceitar, passivamente, manchetes que parecem encomendadas pelas empresas que produzem os tablets. Não jogue fora seu PC ainda. Aumente a memória RAM, compre um HD externo para ele. Seu PC ainda tem muitos anos de vida útil. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Computação em nuvem - prós e contras

Imagem: luigi diamanti / FreeDigitalPhotos.net

Este post discute um assunto ainda pouco conhecido para o público e até para aqueles que trabalham com a área digital. É a computação em nuvem. Antes de entrar no tema propriamente dito, convido o leitor a assistir ao vídeo abaixo, sobre o impactante lançamento do Kindle Fire pela Amazon. É curtinho, apenas dois minutos e meio.


<a href='http://video.br.msn.com/watch/video/amazon-lanca-tablet/anx66kwr' target='_new' title='Amazon Lança Tablet' >Vídeo: Amazon Lança Tablet</a>

Como você viu, trata-se de uma jogada bem agressiva da Amazon que, até agora, só tinha modelos do Kindle com tela em preto e branco. O impacto de redução de preços que esse lançamento provocará será enorme. Aliás, como dissemos aqui, duas empresas cortaram U$ 200,00 de seus tablets recém lançados logo depois que veio a público o Kindle Fire e seu preço tentador.

Agora vamos ao assunto do post. Para reforçar o que foi dito sobre computação em nuvem, podemos nos arriscar a recorrer à Wikipedia:
O conceito de computação em nuvem refere-se à utilização da memória e das capacidades de armazenamento e cálculo de computadores e servidores compartilhados e interligados por meio da Internet, seguindo o princípio da computação em grade. [1]
O armazenamento de dados é feito em serviços que poderão ser acessados de qualquer lugar do mundo, a qualquer hora, não havendo necessidade de instalação de programas x ou de armazenar dados. O acesso a programas, serviços e arquivos é remoto, através da Internet - daí a alusão à nuvem.[2]
Realmente, fica muito prático. O usuário pode ter acesso a programas e informações de qualquer computador, tablet, etc. O ponto forte é esse, de liberar memória na máquina somente para aquilo que realmente é individual e pertence àquele usuário.

O ponto fraco é que, se a tal nuvem for varrida por algum vento, adeus computação em nuvem. É o que ocorre no modelo de geração de eletricidade que temos hoje no mundo. Quem não se lembra do blackout de 2003 nos EUA e no Canadá? O massivo blackout de 14 de agosto 2003 afetou mais de 10 milhões de pessoas no sul de Ontário, Canadá e 40 milhões de consumidores em oito estados do nordeste dos EUA. O centro financeiro dos EUA (e do mundo) teve um prejuízo de mais de U$ 1 bilhão pelas 30 horas sem energia elétrica. Até hoje não se sabe a exata causa...

Recentemente, várias cidades do estado de São Paulo ficaram dois dias sem luz. Também não houve uma conclusão definitiva sobre as causas. O fato é que blackouts acontecem. A internet também pode sofrer interrupção. Em São Paulo, tivemos problemas recentes com o Speed da Telefônica. Centenas de milhares de usuários ficaram sem conexão por dias.

Atualmente, a maior parte da internet brasileira passa pelo sul dos EUA. Isso é um ponto fraco de nossa web. Não é à toa que a Telebras lançará um satélite geoestacionário para começar a corrigir esse problema. Trata-se, por enquanto, de um satélite para uso militar e governamental. Mas é só o primeiro.

A conclusão é que a computação em nuvem tem a vantagem de liberar espaço na máquina do usuário mas, ao mesmo tempo, torna esse usuário dependente de uma boa conexão para utilizar o armazenamento dos grandes servidores. Praticidade, de um lado, mas dependência, de outro. E dependência nunca é uma coisa boa...


domingo, 9 de outubro de 2011

mundo digital - colaborativo ou individualista

Imagem: jscreationzs / FreeDigitalPhotos.net
O passamento de Steve Jobs foi uma perda muito grande para o mundo. Ele era um gênio. Mas, para surpresa de muitos, temos que dizer que Steve não era perfeito. Sim, ele tinha seus defeitos também, como todos nós.

A principal falha, não só de Steve Jobs, mas também das grandes corporações do mundo digital, é ter uma visão individualista do progresso tecnológico da humanidade. Não é surpresa que seja assim, pois esse progresso se originou, majoritariamente, nos EUA, o país dos self made men, os que nascem de baixo e sobem, supostamente, por seus méritos.

Steve, como muitos líderes empresariais dos EUA (e de outros países também) tinha a ideia de que bastava se trancar em sua sala e pensar, pensar, para lançar produtos maravilhosos. E, de fato, por um tempo, ele conseguiu. Só que não se preocupou com os preços. E, convenhamos, um produto que é excludente não é tão maravilhoso assim, a não ser para aquelas almas que necessitam ter coisas "exclusivas" (excludentes) para se sentir especiais.

Será que Bill Gates conseguiria montar um computador se lhe déssemos uns dois quilos de aço, uns 300 g de cobre e mais latão, sílica e plástico? São esses os materiais dos computadores. Não, nem Bill, nem Steve nem nenhum outro ser humano, sozinho, conseguiria. Mesmo se lhes déssemos não os materiais, mas todos os componentes dos computadores, como parafusos, placas eletrônicas e fios, um ser humano sozinho não conseguirá montar um computador funcional. Um técnico talvez consiga montar as peças. Mas ele não terá o conhecimento para escrever os softwares. Um especialista em software precisará participar dessa montagem. O ser humano não progride sozinho. Somos uma espécie gregária.

Por sermos gregários, temos que fazer as coisas de maneira colaborativa. E não apenas em pequenos grupos de sábios, mas utilizando os talentos de todos, gênios ou não.

Essa é a função de sites como esse, de propor o debate sobre os tablets e os livros digitais, para que a solução venha de uma união de esforços e de propostas.

Após a crise econômica de 2008, que continua em 2011, a humanidade talvez possa fazer uma mudança de rumo, do individualismo para a parceria. Daquele enredo em que o super-heroi salva a todos para a ideia de trabalho em equipe que permite que todos evoluam.


sábado, 8 de outubro de 2011

Em bom português - novamente o zero à esquerda


O assunto já foi abordado aqui recentemente. Mas é necessário voltar a ele, pois o zero à esquerda tornou-se uma praga, e não só no Brasil.

Este site-blog recebeu um e-mail de publicidade oferecendo uma interessante luminária que conta com 04 opções de música. E com a possibilidade de, na compra de 02 peças, ganhar um sapo babão...

Note-se que o texto está bom. A palavra luminária foi corretamente acentuada, já que se trata de uma paroxítona terminada em ditongo crescente. Não foram colocados estrangeirismos desnecessários. Uns pequenos desajustes aqui e ali. Mas o erro gritante é o zero à esquerda, que apareceu duas vezes!!

É o caso de se perguntar: por que então os autores não foram coerentes com seu erro, colocando o preço com zero à esquerda, R$ 089,90?

Repetimos: o zero à esquerda é errado, desnecessário e feio. Cabe aqui aquela frase do escritor Carlos Drummond de Andrade: Escrever é como escolher feijão: o que boiar, você tira.

O eBook é ecológico?

Créditos da imagem: renjith krishnan / FreeDigitalPhotos.net
A tecnologia humana tem passado, na última década, por uma transformação radical. Alguns exemplos: 

- Estamos em processo de troca dos antigos monitores de tubo pelos de lcd, agora aperfeiçoados com iluminação por led.

- Os pneus antigos, com câmara de ar, estão sendo substituídos pelos pneus sem câmara, pelo menos para veículos particulares.

- Os carros, no Brasil e algumas outras partes do mundo, começaram a usar, regularmente,  biocombustíveis.

- As antigas lâmpadas incandescentes deram lugar às lâmpadas fluorescentes compactas e, agora estas começam a ceder espaço para as lâmpadas de led.

São apenas alguns dos setores da tecnologia que viveram e/ou estão a viver uma transformação.

São mudanças que têm um lado positivo, ecologicamente falando. Mas têm o lado negativo, que é o descarte inadequado dos aparelhos e equipamentos antigos. Ninguém duvida que um monitor de led seja menos danoso ao meio-ambiente para ser produzido. Para começar, a quantidade de material necessário é drasticamente menor. Além disso, esse monitor consume bem menos eletricidade quando em funcionamento. A questão é que as famílias e as corporações estão num processo de transição, no qual uma quantidade drámatica de monitores antigos está indo para o lixo.

Ao que parece, esse problema do descarte na transição atinge em cheio os computadores de mesa, notebooks, netbooks, smartphones e tablets. É uma quantidade gigantesca de lixo eletrônico.

foto: http://urbanmedialabwaste.wordpress.com/category/case-5-electronic-waste/page/2/
As empresas fabricantes não se dispõem, em geral, a receber de volta seus aparelhos antigos. Falta responsabilidade ambiental a muitas delas...

O outro lado da moeda, esperamos, compensará essa falta de visão ambiental. Mas o resgate dessa destruição demorará muito tempo. Esse resgate será o resultado dos aspectos positivos dos eBooks e da tecnologia digital:

- o eBook não usa papel, eliminando a necessidade de terras;

- o eBook não precisa ser despachado por correio, eliminando o uso de transporte e embalagens;

- para comprar um eBook não é necessário tirar o carro da garagem, nem tampouco usar o transporte coletivo;

- os tablets são cada vez mais finos, usando cada vez menos material. Se uma empresa anuncia que seu tablet pesa 600 g, as concorrentes logo tratam de fabricar um modelo que pesa 400 g.

Cada vez mais as necessidades de comunicação / informação são feitas por meios eletrônicos, reduzindo o uso de recursos naturais. Então seria muito desejável que as empresas produzissem tablets para durar muito mais tempo, ao invés de serem logo superados pelo "novo modelo". Será que isso é desejar demais em nosso mundo consumista?